Sobre a Revista
A Revista Multidisciplinar de Ciências Gerais in FOCUS, tem como objetivo promover e disseminar os estudos nas áreas de ensino e pesquisa em Ciências Gerais, bem como as multidisciplinaridades que cortam e influenciam o processo de saber, informação e conhecimento gerado e fluido. Isso se dá pelo princípio das movimentações e contextos profissionais do mundo globalizante e das humanidades inerentes ao indivíduo em interface com o mundo, tendo como fio condutor o processo do ser em formação e em contato com múltiplas culturas, experiências e notoriedades do território brasileiro. O periódico promove a disseminação das práticas de conhecimento e informação, a partir de uma política de acesso aberto.
Edição Atual

A quarta edição da Revista Multidisciplinar de Ciências Gerais in Focus inaugura o segundo ano de sua trajetória editorial com uma provocação: o que, afinal, move a ciência? Esta edição, intitulada “Ciências Aplicadas em Movimento e Avanço 4.0”, convida-nos a revisitar a noção de “aplicação” não como simples transposição do conhecimento, mas como ato de insurgência contra a estagnação — como força viva que tensiona, transforma e reconfigura o mundo.
O campo das ciências aplicadas — muitas vezes compreendido como técnico ou utilitário — ganha aqui novas camadas de sentido. Em tempos de quarta revolução industrial, algoritmos, automações e inteligências artificiais redesenham as fronteiras do possível. O “movimento” de que trata esta edição é, portanto, mais do que deslocamento: é pulsão histórica, epistêmica e ética. Ele nos convoca a pensar a ciência como corpo em devir, como linguagem que responde às urgências do agora, mas que também antecipa futuros ainda não delineados.
Assim, o avanço 4.0 não se limita ao vocabulário da inovação tecnológica; ele se funda no imperativo de reconectar saberes e fazeres. A interdisciplinaridade emerge como terreno fértil onde engenharia e medicina/biologia, educação e cibernética, sociologia e robótica, não competem, mas dialogam. Como bem alertava Edgar Morin, “a inteligência cega é aquela que separa onde deveria unir”. E é unindo — sem diluir — que se constroem respostas mais humanas a desafios cada vez mais complexos.
Há, neste volume, um chamado freiriano à “releitura do mundo”, agora mediada por sensores, dados e redes. Porém, que isso não nos iluda: por trás do código, está a política; sob a máquina, pulsa a cultura; dentro da ciência, persiste o humano. A aplicação que aqui propomos é, pois, também resistência: contra o automatismo do pensamento, contra o tecnicismo estéril, contra a neutralidade que mascara decisões que moldam vidas.
Inspirados por figuras como Donna Haraway, que nos lembra da urgência de compor mundos com responsabilidade compartilhada, esta edição é tanto denúncia quanto anúncio: do risco da desumanização e da potência do entrelaçamento.
O leitor encontrará nas páginas seguintes artigos que cruzam fronteiras, ampliam repertórios e insistem na pergunta que nunca cessa: para que e para quem serve a ciência?
Convidamos você a se deixar mover, provocar e transformar por este volume. Boa leitura!