v. 2 n. 2 (2025): Assistência e Segurança Social, Engenharia Médica e Subsídios á Comunidade Global

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Há momentos na história em que o conhecimento parece exigir não apenas interpretação, mas implicação. Essa edição: “Assistência e Segurança Social, Engenharia Médica e Subsídios á Comunidade Global”, nasce dessa convocação: reconhecer que a assistência e a segurança social, articuladas à engenharia médica e às políticas de sustentação comunitária, compõem hoje um dos eixos mais sensíveis e urgentes do debate científico contemporâneo. A ciência, aqui, não é apresentada como máquina autossuficiente, mas como prática situada, que responde a vulnerabilidades concretas e às condições reais de existência das populações.

A assistência social, quando observada como campo epistemológico, revela o modo como sociedades lidam com sua própria precariedade. Ela atravessa a educação, o sistema de justiça, a psicologia, as políticas de proteção integral, o cuidado com crianças e adolescentes, e o enfrentamento das múltiplas formas de violência e exclusão. Em diálogo com autores como Amartya Sen, compreendemos que assegurar direitos é também ampliar liberdades — e que toda política de proteção social é, em última instância, uma política de humanidade.

Nesse horizonte, a engenharia médica emerge como interlocutora decisiva. Muito além da técnica, ela representa a materialização do cuidado em dispositivos, protocolos e tecnologias que estruturam o cotidiano de hospitais, centros diagnósticos e redes de saúde. Cada escolha de projeto, cada parâmetro de manutenção, cada processo de automação envolve uma decisão sobre como — e para quem — se produz acesso à vida. A tecnologia, sem responsabilidade social, corre o risco de acentuar desigualdades; integrada ao cuidado, torna-se ferramenta de equidade.

Também se evidencia neste volume a necessidade de compreender os subsídios que sustentam comunidades em sua pluralidade: econômicos, educativos, culturais, psicossociais. Das análises sobre desenvolvimento cognitivo às reflexões sobre dependência estrutural, emergindo uma ciência que opera como rede, conectando fenômenos que não podem mais ser compreendidos isoladamente. A interdisciplinaridade deixa de ser metodologia e passa a ser condição.

Nesse diálogo entre saberes, ganha força a noção de que segurança não se separa de cuidado, que tecnologia não se justifica sem ética, que economia não prospera sem responsabilidade social e que educação é sempre o primeiro dos subsídios. Inspirados por Judith Butler, recordamos que a vida humana se constitui na interdependência; inspirados por Paulo Freire, reafirmamos que nenhum conhecimento é neutro. O que este volume propõe é revisitar a ciência como prática que assume o compromisso de sustentar vidas — e não apenas de descrever fenômenos.

Que a leitura deste volume reforce a convicção do fazer científico como poderoso instrumento de proteção coletiva e validação de mundo.. Boa leitura!

Publicado: 2025-12-10

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